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Objetivo

Trabalhamos nas áreas de Saúde, Justiça e Educação , executando atividades voltadas ao uso de Drogas, DST e AIDS e Inclusão social com o conceito de Redução de Danos .
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Resumo das Qualificações: Profissional voltado às áreas de Saúde, Educação e Justiça com sólida experiência no setor, junto às organizações governamentais, não governamentais e de iniciativa privada; Vivência em treinamentos, elaboração de programas de prevenção, levantamento de necessidades e implantação de novos sistemas de prevenção à AIDS e ao uso indevido de drogas; Habilidade na implantação e coordenação de projetos de vanguarda promovendo a inserção, manutenção e avaliação de trabalhos, racionalizando custos e otimizando programas já existentes; Atuação em programas de Redução de Danos, visando a diminuição na propagação de doenças (DSTs), e a melhoria de vida na população de usuários de drogas (UDs), como a troca de seringas, distribuição de insumos e acima de tudo informações Assessoria em organização de eventos na área de Redução de Danos,Direitos Humanos e outros. Diversos cursos, participação em Congressos, Seminários e Fóruns complementam o conhecimento do profissional.

HISTÓRICO PROFISSIONAL

CAPS-AD SÉ - Prefeitura do Munícipio de São Paulo

Supervisor da equipe (Cracolândia)

Siqueira e Cia – Micro empresa na área de Consultoria e Treinamentos em Direitos Humanos e Redução de Danos : Fundador e Diretor

ABORDA – Associação Brasileira de Redução de Danos - Organização Não Governamental na área de Redução de Danos - Fundador e Presidente por 4 gestões

Rede Paulista – Rede Paulista de Redução de Danos - Organização Governamental na área de Redução de Danos - Fundador e presidente por 2 gestões

Apta – Associação para Prevenção de Tratamento de AIDS – Membro efetivo

Instituição: Ministério da Saúde

Cargo: Consultor na Área de Drogas e AIDS

Período: desde dezembro de 1995

Cidade: Brasília/DF.

Instituição: Prefeitura Municipal de Porto Alegre - RS

Cargo: Consultor na Área de Drogas e AIDS

Período: desde janeiro de 1996

Cidade: Porto Alegre/RS.


Funções exercidas:

Participou da Diretoria da Rede Latino Americana de Redução de Danos (RELARD), como membro do Comitê Executivo (representante do Brasil), por 5 anos.A Rede tem como objetivos: Promover e difundir a Redução de Danos como uma estratégia eficaz e válida para abordar os problemas relacionados com o uso de drogas; ‚Apoiar e fortalecer as iniciativas de pessoas e organizações governamentais e não governamentais que trabalham em Redução de Danos nos países da região; ƒPromover o protagonismo e a organização do usuário de drogas, favorecendo a melhoria de sua qualidade de vida; „Gerar espaços de intercâmbio e reflexão em torno da temática do uso de drogas, de acordo com as condições sócio-culturais da América Latina, vinculando-se com outras redes semelhantes.
Coordenou o trabalho de treinamento e ação de monitores (outreachwork) de campo em Projeto de Redução de Danos em desenvolvimento conjunto entre a Secretaria Municipal de Saúde e a Secretaria Estadual de Saúde e do Meio Ambiente.
Coordenou o desenvolvimento do Projeto-Campanha "A seringa passa / a Aids fica", realizado totalmente por dependentes químicos em programa de recuperação na Cruz Vermelha, durante 9 meses, pela Secretaria Municipal da Saúde de Porto Alegre.
Técnico em Promoção de Eventos, durante dois anos, de 1995 a 1996.
Técnico em Propaganda e Publicidade, de 1991 a 1996.
Técnico de Paisagismo Industrial durante 14 anos, na região do Vale do Paraíba e Litoral Norte de São Paulo, em São José dos Campos; Proprietário da firma Castália Paisagismo.

quinta-feira, 17 de junho de 2010



Droga não é demônio - Revista Época

É possível que nunca tenha se falado tanto em drogas como hoje, pelo menos como caso de polícia ou de saúde pública. Nos anos 60, quando as drogas faziam parte do movimento de contracultura, o olhar sobre elas e a função que desempenhavam era outro. E os “malucos beleza” eram vistos de forma muito diversa dos consumidores de crack de agora. A própria diferença de linguagem é reveladora, já que antes se “experimentava” drogas, com a ideia de ampliação de consciência – e hoje se “consome”, como tudo. Um verbo expressa uma vivência – outro o uso. O que mudou, para que o crack tenha se tornado tema de campanha eleitoral, assunto para candidatos à presidência do país?

Ao acompanhar o debate travado em várias instâncias, me parece empobrecedor que um tema tão amplo e cheio de nuances seja reduzido a apenas dois discursos, duas maneiras de olhar: ou é caso de polícia/segurança ou é caso de saúde pública – ou de ambos. Será que estas duas abordagens – repressão e cura – dão conta da complexidade da questão? Desconfio que não.

Por outro lado, me parece bastante curioso que o debate sobre as drogas ilegais atinja esse nível de decibéis justamente numa época em que há um consumo massivo de drogas lícitas, na forma de antidepressivos, ansiolíticos e hipnóticos, receitadas por médicos das mais variadas especialidades. Drogas para ser feliz, para ficar calmo, para dormir. Sem contar as drogas para perder o apetite e aumentar o desejo sexual.

Por que algumas se tornam um problema e outras são vendidas como solução? Quem determina o que o indivíduo pode consumir? E com quais argumentos? E por que aquela que possivelmente seja a droga que causa mais estrago na nossa sociedade – o álcool – é abordada com muito menos estridência?

Ao acompanhar o debate, me chama a atenção o fato de a droga ser encarada como uma espécie de alienígena, desenraizada da sociedade em que é usada e produz sentidos. É como se ela fosse um demônio ou um vírus que entra no corpo à revelia de todo o contexto – desligada de tudo e de todos. E que bastaria ou exorcizá-la, do ponto de vista religioso, ou extirpá-la, no campo da medicina, para que o problema acabasse. Ou ainda reprimir, na visão policial.

Parece que não é tão simples assim – ou o problema já seria menor. Se os mais diversos tipos de drogas sempre foram usados por todas as sociedades, em diferentes momentos históricos, por que a nossa não consegue lidar com elas? Será que não valeria a pena, além de reprimir e tentar “curar”, pensar um pouco mais nos porquês?

É exatamente por ser uma questão que produz muito sofrimento é que acho importante refletirmos sobre ela com mais amplidão – e alargar nosso campo de visão. Em busca de respostas – não definitivas, mas possibilidades de respostas –, procurei o psicanalista Eduardo Mendes Ribeiro. Ele é membro da Associação Psicanalítica de Porto Alegre (Appoa), mestre em Filosofia pela PUC/RS, doutor em Antropologia Social pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e consultor do Ministério da Saúde na Política de Humanização do SUS. Estuda o tema das drogas desde os anos 90 e tem vários artigos publicados sobre o assunto.

Nesta conversa, ele nos ajuda a pensar sobre uma questão tão crucial – para além dos estereótipos.


EuHoje, as drogas ou são caso de polícia ou de cura. É como se toda a complexidade da questão coubesse nesses dois modos de ver e não existisse outra possibilidade de abordagem. Por quê?
Eduardo Mendes Ribeiro – Por ao menos duas razões: a primeira é a tendência à simplificação do problema, o que, em tese, ajudaria a entendê-lo e enfrentá-lo. Por essa via, elege-se a droga como a causa do mal e os traficantes como os agentes promotores deste mal. Ora, sendo assim, é fácil concluir que o que devemos fazer é, por um lado, tentar evitar que o mal nos atinja: repressão. E, por outro, se fracassarmos no primeiro intento, temos de extrair o mal de nossos corpos: desintoxicação e abstinência. Essa visão também nos poupa dos complexos e incômodos questionamentos acerca das razões pelas quais tantas pessoas decidem se drogar.

EuE quais seriam esses questionamentos tão incômodos? Afinal, por que tantos se drogam, legal e ilegalmente?
Ribeiro - São questionamentos relacionados aos conflitos psíquicos que cada um de nós vivencia: inibições, frustrações, angústias, etc. É muito mais incômodo enfrentar estes fantasmas do que usar uma droga que pode fazer nosso humor melhorar quase imediatamente. O problema é que os fantasmas continuam lá – e nem sempre em silêncio.

EuEm sua opinião, quem é mais drogado? O consumidor de crack do centro de São Paulo ou uma faixa significativa da população mais idosa – assim como muitos jovens – que consome tranquilizantes todo dia?
Ribeiro - Atualmente, há uma tendência de se avaliar o grau de gravidade de uma dependência não mais através de escalas quantitativas de intensidade e frequência, mas a partir dos efeitos que essa prática produz na vida de cada sujeito. Nesse sentido, é provável que aquelas pessoas que passam o dia fumando pedra vivenciem um empobrecimento maior de suas interações sociais, além de se manterem em situações de maior vulnerabilidade. Mas, por outro lado, não há razão para acreditarmos que aqueles que vivem uma vida entorpecida estejam em uma situação muito melhor.

EuMas por que o crack incomoda e a população que vive uma vida entorpecida não?
Ribeiro - O usuário de crack, ao menos o usuário estereotipado, com maior visibilidade, é alguém que expõe tudo o que nossa sociedade quer evitar: descontrole, desamparo, vulnerabilidade, improdutividade, laços sociais frágeis, ausência de projeto de futuro, etc. O sujeito entorpecido é muito mais identificado com as crenças e valores que nos orientam: ele é visto como um doente em tratamento, ou seja, ele tem um problema que nossa sociedade, através de seus saberes e especialistas, está tratando. Está tudo em seu lugar...

EuPor que o crack virou, hoje, um tema da política, como podemos ver nesse início de campanha eleitoral entre os candidatos a presidente?
Ribeiro - Talvez porque o crescimento rápido do número de dependentes e sua visibilidade pública façam com que se concentrem nesse fenômeno os temores relativos à fragilização de nosso laço social. Os crackeiros espelham, paradoxal e simultaneamente, nossos maiores sonhos e pesadelos: ansiamos por prazer e descompromisso, mas sabemos que precisamos de um conjunto de relações sociais que nos sustentem enquanto sujeitos. Infelizmente, a maior parte dos discursos político-eleitorais é dirigida à promessa de medidas voltadas ao fortalecimento do aparato repressivo e à criação de mais vagas para internação/desintoxicação de dependentes, que é o que responde aos anseios imediatos dos eleitores.

EuE como ampliar a abordagem dessa questão, para além da repressão e da cura?
Ribeiro - Nenhum país do mundo resolveu o problema da dependência de drogas por uma razão muito simples: não se trata de um problema de drogas, mas, sim, dos efeitos do tipo de laço social que construímos. Acho que o que podemos fazer é aumentar o repertório de alternativas através das quais as pessoas possam produzir para si um lugar social. Isto pode se dar de várias formas: através da educação, do esporte, da arte ou mesmo da religião. Mas, é claro que precisamos também de políticas de saúde para acolher e tratar aqueles que não conseguem mais controlar seu uso de drogas. Nessa direção, é preciso avançar na implementação do que já está previsto na Reforma Psiquiátrica e na atual Política de Saúde Mental do Ministério da Saúde. Quando recebo um usuário de drogas em busca de tratamento, costumo propor que falemos de qualquer coisa, menos de drogas. Acho que é disso que eles precisam: encontrar outras coisas capazes de lhes interessar. De drogas eles já falam bastante.

EuPraticamente todas as sociedades usaram drogas, mas parece que só na nossa elas se tornaram um problema. Pelo menos um problema nessas proporções. Por que nossa sociedade, diferentemente de outras, não sabe como lidar com as drogas?
Ribeiro - Na maior parte das sociedades conhecidas, as drogas eram consumidas com alguma forma de controle social. Isto não significa que havia mecanismos repressivos para coibir abusos. Ao contrário, significa que havia um conjunto de entendimentos compartilhados que orientava o uso, em determinadas situações e com determinadas finalidades. Isso poderia se dar em rituais de cura, de mediação com o sagrado ou mesmo com finalidades orgiásticas, para aliviar tensões e produzir prazer. O conhecimento que temos acerca do uso de drogas em outras sociedades nos mostra que, se ele ocorresse com alguma forma de controle social, não trazia problemas pessoais ou para a comunidade. Provocar alterações dos estados de consciência representava algo de extraordinário que acontecia em situações muito específicas. Em nossa sociedade, este tipo de uso ocorre, por exemplo, no Carnaval, quando muitas pessoas se autorizam a fazer coisas que não fazem em seu cotidiano, o que inclui um consumo maior de drogas. E depois voltam à rotina.

EuE o que aconteceu na sociedade ocidental moderna para que a droga passasse a se integrar ao cotidiano e ser usada para o gozo individual?
Ribeiro - O desenvolvimento do liberalismo político e econômico trouxe consigo a constituição de um ethos fortemente individualista. A modernidade rompeu com o passado, afirmando o poder de autodeterminação dos indivíduos. No início, ainda se manteve orientada por um ideal coletivo, representado pelo progresso da ciência. Acreditava-se então que a ciência seria capaz de nos revelar, cada vez mais, o que era real e verdadeiro. Entretanto, no decorrer dos últimos séculos, esse ideal não cumpriu com suas promessas, como tampouco o fizeram outros ideais sociais, como o socialista e aqueles propostos pelos movimentos contraculturais. É nesse contexto que os laços sociais construídos a partir da tradição – passado – ou de projetos coletivos – futuro – se encontram desgastados, produzindo um achatamento do tempo e a percepção de que o que há para ser vivido tem que ocorrer agora. Os interesses pessoais e a pressa são elementos presentes em nosso cotidiano. E é nessa realidade que proliferam diferentes modalidades de uso de drogas: ora para aliviar tensões, ora para potencializar desempenhos.

EuHoje há uma satanização das drogas, como se elas possuíssem a pessoa à revelia. Como se o processo de se drogar fosse externo ao indivíduo – e não algo movido por questões e necessidades internas, que começou pela escolha daquela pessoa de usar determinada droga, ainda que depois possa ter perdido o controle. Por quê?
Ribeiro - Diante de certos efeitos indesejáveis da ordem social moderna, tendemos a produzir práticas e representações originadas nos tempos pré-modernos. Explicando melhor: mesmo considerando que nossa sociedade se constituiu em torno de uma ética da responsabilidade – temos autonomia para pensar e agir, mas precisamos responder por nossos atos –, a consagração da visão simplista que sataniza as drogas representa um retorno às velhas crenças animistas que atribuem poderes e intenções a substâncias inanimadas. Algumas interpretações antropológicas evolucionistas defendiam que, no campo religioso, haveria um processo de “evolução” das sociedades. Ou seja: em seu início atribuíam poderes sobrenaturais a seres ou forças da natureza, depois teriam vindo as sociedades politeístas e, finalmente, as monoteístas. Estas teses evolucionistas encontram-se desacreditadas no campo antropológico, mas é fato que muitas sociedades “simples” acreditavam no poder sobrenatural de certas substâncias naturais. É um pouco como alguns setores da sociedade enxergam as drogas hoje.

EuEm um de seus artigos, você diz que, no início, as igrejas viam as drogas, todas elas, como coisa do demônio. Já a ciência se contrapunha a esta visão, apostando na autonomia das consciências. Hoje, ambas parecem demonizar as drogas. O que isso significa?
Ribeiro - Na Idade Média, a Igreja condenava o uso de drogas por razões teológicas: “só Deus tem o poder de curar”. Mas também por disputas de mercado envolvendo fé e poder, pois não lhe interessava permitir o crescimento da influência de feiticeiras e curandeiros. Hoje, esse discurso mudou e a condenação que grande parte das igrejas faz ao uso de drogas é fundamentada em sua suposta associação a práticas libertinas, hedonistas e promíscuas. Assim como também é uma eficaz estratégia de marketing para algumas denominações. Basta observar que muitos dos pastores se apresentam como ex-usuários de drogas que, com a ajuda de Deus – e da igreja, através dos dízimos –, conseguiram se libertar. Esse trânsito, das drogas para a religião, é muito frequente.

EuE a ciência?
Ribeiro - O deslocamento operado no campo científico é mais sutil. Partiu da afirmação do direito de qualquer um poder usar a droga que quiser e de uma posição liberal, em que o direito de experimentação fazia parte do processo em que se dava o progresso da ciência. Vale a pena lembrar que até o início do século passado todas as drogas conhecidas eram vendidas livremente em farmácias. Partiu-se disso para uma pretensão de controle e prescrição de uso. Ou seja, as drogas são instrumentos importantes no combate a doenças e na produção de bem-estar, mas seu uso deve ser orientado pelo saber científico, o quer exclui, evidentemente, as modalidades de uso espontâneas.

EuA abordagem atual das drogas parece intimamente ligada à questão do poder e do controle. Como você vê essa relação?
Ribeiro - Atualmente, a forma hegemônica de abordar a questão é resultante de um conjunto de fatores que pouco ou nada tem a ver com os que determinam o consumo. As estratégias de controle e repressão social defendidas por grupos orientados por ideais religiosos e/ou totalitários é um deles. Mesmo considerando que vivemos em uma sociedade fundada a partir de uma ética da responsabilidade – somos responsáveis pelos nossos atos e respondemos por eles – ou justamente por isso, convivemos com grupos que temem os efeitos dessa liberdade. Em vez de uma multiplicidade de formas de pensar e agir, eles prefeririam que todos agissem conforme seus princípios e crenças. Essa posição não se manifesta apenas no campo estritamente religioso, podendo estar presente em diferentes segmentos sociais. Nesse sentido, combate-se o uso de drogas porque ele seria potencialmente subversivo, pouco controlável. Outro fator são os interesses políticos e econômicos de laboratórios e setores da corporação médica, que reivindicam a exclusividade do direito de manipular corpos e mentes. Com o passar do tempo, no contexto da modernidade, o uso de drogas passou a ser cada vez menos controlado socialmente, seja por rituais tradicionais e/ou religiosos, seja por saberes autorizados, como médicos, curandeiros, etc. Este uso “individual” e espontâneo foge ao controle, não podendo ser utilizado como instrumento de poder político ou econômico. Daí a insistência em manter a produção e autorização de consumo de drogas sob o controle de laboratórios e médicos, respectivamente.

EuVocê não acredita que a repressão possa causar a redução do consumo?
Ribeiro - Os conflitos oriundos da marginalização do comércio e consumo de algumas drogas acabam por produzir um senso comum que evita a complexidade da questão e produz a estigmatização dos usuários e a defesa de medidas paliativas – ainda que necessárias –, como a repressão do tráfico e o tratamento de dependentes. Basta lembrar o episódio da Lei Seca, nos Estados Unidos, para concluir que as estratégias repressivas pouco ou nada contribuíram para a diminuição do consumo. Pelo contrário, seu efeito foi de outra ordem: expansão da corrupção policial, aumento do número de problemas de saúde em função do consumo de drogas de má qualidade, criação de um mercado marginal e violento, etc. Essa avaliação foi feita pelo próprio governo dos Estados Unidos, por ocasião da promulgação do ato que aboliu a Lei Seca. Hoje, há um entendimento largamente difundido de que as drogas são a encarnação do mal em nossa sociedade. Trata-se de uma poderosa aliança entre os discursos religioso, científico e o da segurança pública. O mais produtivo seria abordar frontalmente o problema e reconhecer que o uso de drogas em nossa sociedade faz parte de nossa cultura, como fez de tantas outras. E que, em vez de lançar cruzadas antidrogas, hipócritas e inúteis, deveríamos discutir as diferentes modalidades de usos, lícitas e ilícitas, e encontrar formas de minimizar seus efeitos danosos, individuais e sociais. Acredito que essa realidade se constitui no campo das disputas simbólicas, onde se definem valores e sentidos.

EuComo assim?
Ribeiro - O que faz com que o uso de drogas assuma determinado valor e determinada função para algumas pessoas? Como intervir nessa realidade? É evidente que não bastam campanhas publicitárias afirmando que “fumar é brega” ou que o “crack mata”. Não são mais os saberes tradicionais, passados de pai para filho, que orientam nossa compreensão do mundo. Vivemos em uma sociedade fragmentada e individualista, mas que se articula através de uma complexa rede de relacionamentos, presenciais e virtuais. É nesse universo que os sentidos vão se definindo e se modificando. Sendo assim, é possível afirmar que, quanto maior for a troca de idéias e experiências, menor será a possibilidade de um ou mais discursos assumirem uma posição de domínio. Acredito que ganharíamos muito se “gastássemos” essa discussão sobre as drogas, diminuindo sua importância, fazendo com que elas deixem de ser vistas como solução de todos os problemas ou como causadora de todos os males.

EuVivemos numa sociedade onde se consome muitas drogas legais, parte delas receitada por médicos das mais variadas especialidades. A mesma sociedade que parece ficar um pouco histérica com o crack, por exemplo, não parece ver nenhum problema na massificação do uso de antidepressivos e ansiolíticos. Por que algumas drogas podem ser usadas e outras não? Umas são desejáveis e “terapêuticas” e outras são demonizadas? Qual é a diferença, afinal? Se tomamos drogas para dormir, para ficar feliz, para ficar calmo, para não sentir fome, para ter tesão, por que é ruim cheirar coca, fumar maconha e usar crack? Não estou dizendo que é bom, apenas questionando a lógica de que uma pode e a outra não, uma está incluída e a outra é marginal...
Ribeiro - Do ponto de vista do funcionamento subjetivo, não há nenhuma diferença entre cheirar cocaína, fumar maconha, usar crack ou beber cachaça, consumir antidepressivos, anfetaminas, ansiolíticos. É a mesma lógica: se faz uso de uma substância para produzir uma desejada alteração do estado de consciência e humor. É importante que se diga que as razões pelas quais algumas drogas são proibidas e outras não são proibidas não tem qualquer fundamento epidemiológico, médico, psicológico ou antropológico. Certas drogas são proibidas não por serem mais “fortes” ou “pesadas”, nem por terem maior potencial de criar dependência, ou por causarem mais problemas orgânicos. As origens da proibição podem ser buscadas em um conjunto de preconceitos morais e sectários do início do século XX. Nos Estados Unidos, por exemplo, a proibição de algumas drogas esteve ligada à desconfiança que os puritanos manifestavam com relação à massa de imigrantes que chegava às grandes cidades americanas no início do século. Assim, diferentes drogas foram associadas a diferentes etnias: a condenação do uso de ópio resultou das acusações de corrupção infantil feitas aos chineses; a cocaína era associada à permissividade sexual atribuída aos negros; a maconha à “invasão” dos mexicanos; e o álcool às “imoralidades” de judeus e irlandeses. É evidente que, posteriormente, os interesses econômicos – indústria de bebidas alcoólicas, de cigarros e laboratórios – passaram a atuar fortemente com vistas à manutenção de sua reserva de mercado. É sabido que hoje o maior número de dependentes de drogas é alcoolista. E o álcool é uma droga legal.

EuPor que está tudo certo se as drogas são receitadas por médicos, mas tudo errado se não? O problema estaria no controle, as que são consideradas ilegais seriam aquelas que não podem ser controladas por ninguém?
Ribeiro - Os remédios vendidos apenas sob prescrição médica não são as únicas drogas legais, nem as mais usadas. As bebidas alcoólicas não estão sob controle e podem produzir efeitos da mesma intensidade que os provocados por outras drogas lícitas e ilícitas. Portanto, o “controle” se refere muito mais a questões relativas à produção, circulação e, evidentemente, acumulação de lucros. Neste sentido, as drogas ilegais estão “fora do controle”.

EuQual é a aposta que se faz na droga? Como a droga se aproxima da sociedade de consumo na medida em que promete – e por um tempo realiza – a possibilidade de ser feliz ou do gozo pleno, tão caro à nossa época?
Ribeiro - Se considerarmos que o capitalismo produziu algo que seria da ordem de uma perversão no campo das relações sociais, na medida em que promoveu o que Marx chamou de “fetichismo das mercadorias”, poderíamos pensar que o aumento significativo de casos de dependência de drogas seria efeito de uma nova perversão, que se constitui como desdobramento da primeira. Ou seja: a lógica da sociedade de consumo se encontra orientada para um progressivo aumento na produção e consumo de bens, que, neste contexto, operam como mediadores das relações sociais, índices de prestígio e elementos produtores de identidades sociais. Entretanto, quando certas modalidades de uso de drogas fazem com que elas se tornem o objeto único de desejo, subverte-se a lógica capitalista. Paradoxalmente, a crença no poder dos objetos pode se constituir numa ameaça a um sistema alicerçado em torno do consumo. Na lógica capitalista, o prazer ou a felicidade que supostamente poderia ser alcançado através da posse de um objeto deve ser sempre parcial e efêmero, fazendo com que o desejo deslize para outros objetos, retroalimentando o sistema, que se constitui numa forma de laço social. O prazer derivado do uso de drogas, mesmo podendo ser intenso, também é parcial e efêmero. Mas, exatamente por sua intensidade e exclusividade, tende a deslocar o sujeito do contexto socialmente regulado de produção e consumo. Quando o sujeito passa a desejar um único objeto, ele deixa de consumir todos os demais. Além disso, dependentes de drogas também não costumam se manter atuantes em atividades laborais, o que faz com que ganhem pouco e consumam menos.

EuNesse sentido, a droga é antissocial, como nós mesmos o somos, preocupados apenas com a satisfação dos nossos desejos, independentemente do desejo do outro – e não de um projeto coletivo, mais amplo, que inclui o outro? A droga, portanto, se encaixa perfeitamente no modelo individualista, que não está nem aí para o que não é a sua vida ou a vida de uns poucos ao seu redor?
Ribeiro - Exatamente. Mas é importante que fique claro que não se trata de um entendimento fundado em algum tipo de imperativo moral de fraternidade. O risco do uso de drogas em uma sociedade individualista se dá em função de um equívoco, socialmente produzido, de pensar que somos – ou deveríamos ser – radicalmente livres. Segundo esse ideal, não deveríamos depender de ninguém. Por exemplo: deveríamos desfazer qualquer casamento, aliança ou sociedade no momento em que não mais nos conviesse. O problema é que só nos constituímos e nos sustentamos enquanto sujeitos a partir das relações que mantemos com outros sujeitos. Quanto mais frágeis forem estas relações, mais instáveis nos tornamos. E seremos mais dependentes de outras estratégias para nos prover de alguma consistência identitária. Nesse sentido, é possível afirmar que o uso de drogas pode passar a ser um problema para aqueles sujeitos que não assumem ou constroem relações sociais de dependência.

EuPara estes, a droga toma o lugar do que?
Ribeiro - Eles dependem da droga para não depender das relações com outras pessoas. É uma tentativa extrema e paradoxal de manter sua independência.

EuAs drogas legais, que mantêm o indivíduo produzindo e consumindo, não parecem ser vistas como um problema. Já as ilegais tornam-se um problema de polícia e/ou de saúde pública. Como você vê essa dicotomia de abordagem?
Ribeiro - Creio ser disseminado um equívoco intencional na abordagem dessa comparação entre os efeitos produzidos pelas drogas lícitas e ilícitas. Não há na literatura especializada nem nos estudos epidemiológicos qualquer evidência que fundamente o entendimento de que as drogas legais mantenham os sujeitos engajados socialmente, enquanto as ilegais produzam improdutividade. As estatísticas demonstram que a droga que mais incapacita seus usuários é o álcool, cujo consumo é legal. Além disso, faltam estudos que investiguem o quanto a prescrição excessiva de psicofármacos, por parte de médicos de diferentes especialidades, condena um grande número de sujeitos a uma vida anestesiada, desvitalizada. Se o médico está apenas preocupado em eliminar o sintoma de seu paciente, este é um processo que pode ir muito longe, porque dificilmente o sujeito apresenta uma única queixa. E, muitas vezes, novas queixas surgem como efeito das primeiras medicações. Assim, passado algum tempo, não há mais como saber o que está se passando com essa pessoa: o que é produto de sua história, de seus conflitos, e o que é efeito desta profusão de remédios. Na maior parte das vezes, o objetivo dessa orientação terapêutica é que o sujeito não sinta nada considerado indesejável. E esse objetivo é alcançado: o paciente não sente mais nada. Por outro lado, basta analisar as pesquisas epidemiológicas e as estatísticas policiais para comprovar que apenas uma ínfima parcela dos consumidores de drogas ilícitas se torna um dependente, incapaz de manter seus laços sociais, incluindo aí os laborais.

EuNão é curioso que o mesmo médico que receita drogas legais para anestesiar o sofrimento, já que sofrer parece ter virado uma anomalia, pretende “curar” os viciados em drogas ilegais?
Ribeiro - Temos aqui duas perspectivas diferentes: a do sujeito que busca uma ajuda para enfrentar seus sofrimentos, que podem ter múltiplos determinantes; e a destes médicos, que tendem a ver apenas o sintoma. Se o sujeito está deprimido, prescrevem-lhe um antidepressivo, se está ansioso, um ansiolítico. E assim por diante. Isso ocorre nos mais diversos contextos clínicos, não apenas no tratamento de dependentes de drogas. Por outro lado, a estratégia de prescrição de drogas de substituição, para combater a dependência a uma determinada droga, é muito antiga e largamente utilizada, principalmente nos Estados Unidos. Ela costuma funcionar quando a dependência é produzida por circunstâncias específicas e episódicas, como a utilização de morfina em feridos de guerra. Nos demais casos sua eficácia é muito duvidosa, pois parte da suposição de que foi a droga que viciou o sujeito.

EuE não foi a droga que o viciou?
Ribeiro - Esta é a principal questão: nenhuma droga vicia. São as pessoas que, eventualmente, se viciam com alguma droga. Isso lembra aquelas advertências de nossas avós, para que não aceitássemos balas de estranhos na saída do colégio, porque elas poderiam conter maconha e nós ficaríamos viciados. Ao contrário do que é veiculado pela maioria das campanhas, qualquer um de nós poderia experimentar até mesmo o crack algumas vezes, sem se viciar. É sempre um sujeito que decide usar uma droga e pode, ou não, optar por levar essa relação mais longe. É claro que existem sujeitos cujas circunstâncias fazem com que eles corram um maior risco na relação com a droga, mas as drogas não fazem nada, são substâncias inertes.

EuAs substâncias podem não ter poderes sobrenaturais, como acreditavam e acreditam algumas culturas, mas está provado que algumas substâncias causam dependência, em menor ou maior grau. O que você quer dizer, exatamente, quando afirma que a drogas não viciam?
Ribeiro - Ninguém questiona a existência da dependência de drogas, mas faz muita diferença quem é o sujeito da frase. Dizer que as drogas viciam é diferente de dizer que pessoas se viciam com drogas. O que afirmo é que, para se estabelecer uma dependência, alguém decidiu usar drogas. E é esta motivação, e a história da relação do sujeito com a droga, no contexto mais amplo de suas circunstâncias, que vai definir se ele se tornará um dependente – ou não. Também é importante observar que, no contexto do tratamento de uma dependência de drogas, a primeira etapa, a desintoxicação, é a mais rápida e fácil. Em duas ou três semanas já não há mais nenhuma substância com princípio psicoativo atuando no corpo do sujeito. E todos sabem que ele não está curado de sua dependência. Permanece uma espécie de "memória", que não é exclusivamente orgânica, nem exclusivamente psíquica, e que se encontra associada a certas situações e sensações que fazem parte da vida do sujeito. Assim, diante de determinado conflito familiar, ou determinada frustração, ele pode voltar a sentir uma "necessidade" de usar a droga a que costumava recorrer.

EuHoje há uma droga legal, adquirida com receita médica, para cada sentimento humano de desconforto ou conflito. Em que medida o fato de nossa sociedade considerar qualquer sofrimento um sintoma que precisa ser abafado e anestesiado com drogas influencia no uso das drogas ilegais?
Ribeiro - É verdade que os sintomas podem produzir sofrimento, mas, ao contrário do que acontece com as dores orgânicas, em que na maioria das vezes não há razão para não tentarmos eliminá-las, as dores psíquicas cumprem uma função importante de sinalizar a existência de um conflito que está exigindo uma resposta. Eliminar esse sinal apenas nos condena à impotência frente à causa de nosso sofrimento. E ao inevitável deslizamento, com a formação de outro sintoma, com o agravante de termos ainda que suportar os efeitos colaterais da medicação. Um conflito psíquico pode produzir sintomas, inibições, angústias e outros desconfortos. Geralmente isso perturba nossa vida, fazendo com que soframos com coisas que, para os outros, parecem banais. Esses conflitos podem ser tratados, mesmo que nunca completamente eliminados. Isso faz parte da vida de todos nós, mesmo fora do contexto de um tratamento psicológico: a gente tenta superar certas dificuldades, consegue alguns sucessos, volta a deparar com limites e carências, e a vida vai andando. Dá certo trabalho e não nos poupa de vários momentos de mal-estar, mas é a forma como assumimos a direção de nossas vidas – e pode também produzir muita satisfação. Algo diferente ocorre quando se busca evitar esse trabalho psíquico e o mal-estar que o acompanha: sofremos menos em um primeiro momento, mas perdemos a possibilidade de superar aquilo que está nos aprisionando: contornamos nossos conflitos sem nunca conseguir fazê-los mudar de lugar.

EuMas o quanto a visão contemporânea de que o sofrimento é sinônimo de fracasso e deve ser suprimido da vida tem a ver com o uso de drogas ilegais?
Ribeiro - Acredito que isso tem a ver com o uso de drogas em geral, e não apenas das drogas ilícitas. As estatísticas médicas e farmacêuticas indicam que vivemos em tempos de depressão. Nada de novo nessa constatação. Entretanto, chama a atenção o fato de outras avaliações de nossa sociedade apontarem para a direção oposta: cada vez mais percebemos a existência de uma cultura dinâmica, voltada para a busca de prazeres imediatos, que reconhece e valoriza quase todas as formas de gozo. Tornamo-nos maníacos e depressivos, mas não necessariamente ciclotímicos. Talvez seja mais preciso afirmar que uma sociedade maníaca tende a produzir subjetividades depressivas, pois se o ideal social que nos serve de referência preconiza que todo sofrimento deve ser superado, encontra-se desvalorizado todo aquele que não consegue se ajustar aos modelos de felicidade propostos. Não é difícil entender o quanto o uso de drogas se “encaixa” bem nesse contexto: ele pode tanto nos aliviar de nossas frustrações quanto nos ajudar a melhorar nossos desempenhos. Basta escolher a droga certa para o momento certo.

EuVocê faz, em seus artigos, uma afirmação muito interessante – e bastante polêmica – sobre como o saber médico e o toxicômano veem a droga da mesma maneira. Você afirma que a teoria médica coincide com a do toxicômano, na medida em que procura isolar o aparelho psíquico para gozar dele como um órgão. Ou seja, com o auxílio de determinadas drogas pretende-se tanto curar um corpo doente como uma vida doente, sem problematizar as modalidades de relação com o outro. Como é isso?
Ribeiro - Tomemos o exemplo fictício, mas não incomum, de um adolescente que cotidianamente observa seu pai chegar em casa meio estressado e tomar umas doses de cachaça ou uísque; sua mãe consumir religiosamente seu ansiolítico; o médico da família, frente ao primeiro sinal de tristeza e abatimento, receitar um antidepressivo. Esse adolescente, diante das angústias próprias de sua idade, teria alguma razão para se recusar a fazer uso de um cigarro de maconha de vez em quando? Qual seria a diferença? Nesse exemplo, estamos longe de uma toxicomania, mas percebemos uma mesma lógica, que pode vir a ser acionada em situações extraordinárias, como a de uma dependência de drogas. Isso nos lembra do Millôr, que afirmava ter nascido com duas doses de uísque a menos, pois, quando as tomava, se sentia muito melhor. É a mesma coisa: se a psique é vista como um órgão, e se o remédio faz com que este órgão funcione melhor, deduz-se que era ele o que estava faltando. Ou seja, depois de procurar curar o corpo, o órgão doente, hoje se pretende curar a vida doente.

EuO crack é a droga do momento, a grande epidemia. Você acha que o crack é diferente das outras drogas e deve ter uma abordagem diferente?
Ribeiro - Mesmo que se faça uma crítica a muitas abordagens acerca do uso de drogas e às propostas hegemônicas para enfrentar o problema – e é importante que a crítica seja feita –, não há como deixar de reconhecer que se trata de um problema social que exige respostas urgentes. Entretanto, independentemente do tipo de droga utilizada, e mesmo que se reconheça a enorme diferença que existe entre os efeitos do consumo de maconha e de crack, por exemplo, não acredito que devamos nos dedicar à proposição de “estratégias para combate do uso de drogas” ou de uma “clínica da dependência de drogas”. Da mesma forma que não acredito em uma “clínica da depressão” ou uma clínica da “síndrome do pânico”. Em vez de reduzirmos o sujeito ao seu sintoma, ganharíamos mais diversificando nossas estratégias para operar uma “clínica do sujeito”, levando em consideração os contextos sociais em que essas subjetividades são produzidas.

EuE como seria uma “clínica do sujeito”?
Ribeiro - Parto do entendimento de que cada sujeito é absolutamente singular, o que faz com que o trabalho terapêutico também tenha que ser construído caso a caso. É nesse sentido que recuso a idéia de uma “clínica da toxicomania”, como se esses sujeitos compusessem um conjunto, com problemas e saídas semelhantes. Mas é possível propor algumas estratégias e linhas de ação. Nos casos menos graves, atendidos em consultórios e ambulatórios, entendo que o uso de drogas deva ser abordado no contexto da história e do conjunto de relações mantidas por cada pessoa. Não é o uso de drogas que define sua posição subjetiva e o seu sofrimento, mas o contrário: a relação que ele estabelece com as drogas é resultante da forma como ele vivencia seus conflitos e relações. Já nos casos mais graves, em que há uma perda de autonomia do sujeito, se torna necessária uma vinculação institucional, de preferência sem internação, através da qual ele possa contar com o apoio de uma equipe multiprofissional que lhe auxilie em seu processo de reinserção social.

EuComo você vê os tratamentos oferecidos para “curar” a drogadicão, que em geral partem de uma oferta da medicina ou da religião ou de uma aliança entre ambas?
Ribeiro - A maioria dos dependentes de drogas que procuram – ou são levados a – tratamento se encontra em uma situação de fragilidade de suas inserções sociais. Normalmente não estão trabalhando ou estudando e vivenciam conflitos no âmbito familiar. Experimentam um sentimento de anomia, em uma errância que tem como únicos pontos de referência os caminhos que levam à droga. Ora, essa situação produz muita angústia, e não raro desespero. Diante dessa realidade, não é de surpreender que as ofertas de certas comunidades religiosas exerçam forte sedução, afinal elas prometem uma pertença comunitária, uma visão de mundo estruturada e uma função revestida de importância e dignidade – “a construção da Obra do Senhor”. Mas essa “solução” cobra seu preço, e não é barato: espera-se do sujeito que ele seja capaz de abrir mão de seus conflitos, ou seja, de sua história, e se engaje incondicionalmente em um projeto coletivo, que ele já recebe pronto. As correntes mais biológicas da psiquiatria, muitas vezes aliadas a determinadas versões da psicologia cognitivo-comportamental, apresentam outro entendimento do problema, de onde deriva outra proposta terapêutica. Esta é direcionada a uma reprogramação da mente e do comportamento, visando sua “normalização”. O que há de comum entre essas ofertas são as certezas de que partem. Não há lugar para dúvidas acerca do que é certo e do que é errado. Para quem está totalmente perdido, isso não é pouca coisa.

EuMas, a longo prazo, funciona? A pessoa consegue manter esse engajamento no projeto, que, por sua vez, a mantém longe das drogas?
Ribeiro - Dificilmente. Essa reprogramação exige que o sujeito assuma uma nova vida, e sabemos que nossa liberdade de escolha é limitada: não podemos escolher quem queremos ser. Somos o produto de uma história, que não se deixa ignorar. Mas, embora hegemônicos, esses campos, felizmente, não detêm a exclusividade no tratamento da dependência química. “Felizmente” não porque eles sejam sempre ineficazes ou mal-intencionados, longe disso, mas porque muitos dependentes não se adaptam a suas propostas. Há muitas clínicas, ambulatórios e CAPS-ad (Centros de Atenção Psicossocial a usuários de substâncias psicoativas) que assumem um maior respeito à liberdade de escolha dos sujeitos, tomam como referência a estratégia de redução de danos e trabalham a partir de uma escuta das singularidades de cada caso.

EuComo você vê o jogo de culpa que se faz na abordagem das drogas: é culpa da família, é culpa do traficante, é culpa do Estado, é culpa dos amigos viciados, é culpa de um mundo sem valores ou há tantos culpados que ninguém mais tem culpa? A culpa cumpre algum papel nesse jogo?
Ribeiro - A culpa é um dos sentimentos – ou acusações – mais inúteis e produtores de sofrimento com que temos de conviver. Ela nada produz além de recriminações e ressentimentos. Além disso, a atribuição de culpa costuma ser utilizada por discursos autorizados – o científico, o policial ou o religioso – como estratégia de imposição autoritária de seus pontos de vista. Mais interessantes são as tentativas de produção de consensos mínimos sobre os problemas que envolvem o consumo de drogas e a pactuação de responsabilidades no que se refere à forma como o problema deverá ser enfrentado. Isso vale tanto para um contexto familiar, quanto para a elaboração e implementação de políticas públicas.

EuQual é a sua opinião sobre a descriminalização das drogas, no geral, e a descriminalização só da maconha, como propõem alguns, inclusive o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso?
Ribeiro - Não vejo razões pelas quais consumir drogas deva ser considerado um crime, o que não é o mesmo que defender sua liberação irrestrita. É interessante notar que as origens da proibição ao uso de determinadas drogas não estão relacionadas a qualquer avaliação de ordem médica, psicológica, epidemiológica ou antropológica. Estão associadas de forma muito mais direta às pressões exercidas por certos segmentos sociais, a partir de preconceitos morais e estigmatizações sectárias. Deveríamos ser capazes de aprender com nossos erros e, no momento em que se evidenciam as contradições de nossa política proibicionista, investir em estudos multidisciplinares e promover um amplo debate, depurado de moralismos e respostas fáceis.

EuE quais seriam as questões centrais deste debate?
Ribeiro - Questões que discutam poder e responsabilidade. O que legitima que alguém legisle ou defina o que posso ou não consumir? Se é uma questão que extrapola o âmbito das liberdades individuais, envolvendo problemas de saúde pública, quais são os critérios para definir quem pode e quem não pode consumir tais e tais drogas? Repressão e marginalização são boas estratégias para a produção de saúde?

EuQual é a sua opinião sobre a campanha nacional contra o crack lançada pelo Ministério da Saúde (e recentemente ampliada pelo presidente Lula)?
Ribeiro - A campanha promovida pelo Ministério da Saúde promove grandes avanços, entre eles o de respeitar os direitos dos usuários, o de operar a partir da lógica de redução de danos, o de priorizar a abordagem do problema no território em que vive o usuário e o de evitar internações prolongadas. Entretanto, é sabido que esse tipo de abordagem enfrenta fortes resistências de parte daqueles que se opõem a Reforma Psiquiátrica e se mostram saudosos dos antigos manicômios. Para estes, o melhor seria ampliar o número de leitos de internação, segregar e “tratar” o maior número possível de usuários, para depois “devolvê-los” – se possível – para o convívio social. Infelizmente, através dessa estratégia, muitos psiquiatras evitam a abordagem da intensidade dos dramas humanos - preferindo a calmaria dos sedativos.

(Eliane Brum escreve às segundas-feiras.)

segunda-feira, 14 de junho de 2010

quarta-feira, 2 de junho de 2010

terça-feira, 1 de junho de 2010

O Uso "Terapêutico" de Cannabis por Dependentes de Crack no Brasil

Eliseu Labigalini Junior & Lúcio Ribeiro Rodrigues.*
(*) Médicos-psiquiatras, pós-graduandos do PROAD/ UNIFESP ( Programa deOrientação e Assistência ao Dependente- Depto. de Psiquiatria e PsicologiaMédica - Escola Paulista de Medicina - Univ. Federal de São Paulo).

INTRODUÇÃO E HISTÓRICO

Nos últimos anos tem ocorrido a veiculação de informações tanto na literatura médica quanto na imprensa leiga, a respeito de estudos sobre o uso terapêutico de cannabis em várias áreas (DOYLE,1995; UNGERLEIDER,1985; ZINBERG, 1979). Em pacientes HIV positivos como ansiolítico e estimulante do apetite (LOWENTHAL,1995); em portadores de neoplasias em tratamento quimioterápico como anti-emético e anti-nauseante (SCHWARTZ,1994; DOW,1981); e em oftalmologia em algumas formas clínicas de glaucoma( GONZALEZ, 1995), como exemplos. Esta mudança recente na postura de muitos cientistas parece ser fruto de uma maior abertura cultural dos países ocidentais onde esta substância tem perdido lentamente o "status" de droga de abuso com características semelhantes às chamadas drogas pesadas, como a cocaína, álcool e heroína.

E por que será que a cultura ocidental insistiu e insiste constantemente em não aceitar que existam diferenças importantes quanto à especificidade das diferentes substâncias? Esta pergunta não é fácil de ser respondida, mas algumas hipóteses podem ser levantadas. A questão da legalidade parece exercer grande influência neste sentido. Historicamente, as substâncias psicoativas, com exceção do álcool, passaram a ter seu uso proibido no início deste século em grande parte dos países ocidentais, sem ter sido avaliadas as suas características específicas, seus potenciais de abuso, riscos de overdose e rituais sociais e individuais associados a cada uma delas, o que provocou e continua provocando distorções muito graves.

SAIBA MAIS: priory.com/psych/eliseu.htm


fonte:www.psicotropicus.org

Indicação de Filmes / Documentários

  • O homem da linha
  • Sexo por compaixão
  • Ilha das flores
  • Pra que time ele joga
  • Estamira
  • Faces da violência
  • Notícias de uma guerra particular
  • Nem gravata nem honra

Artigos

REDUZIR DANOS
É bem-vinda a disposição do governo federal de mudar a ênfase de suas
diretrizes em relação ao consumo de drogas, favorecendo a chamada redução de
danos em detrimento da linha apenas repressiva. A confirmar-se essa
tendência, a política antitóxicos será uma das poucas áreas nas quais a
administração petista não se inclina pela abordagem mais conformista.
A redução dos danos é antes de mais nada o triunfo do bom senso. Seu
pressuposto básico é o de que jamais será possível erradicar o problema do
uso e da dependência de drogas, pois esse fenômeno não é apenas cultural mas
tem causas também biológicas. Daí decorre que nem todos os esforços do poder
público se concentrariam na repressão. Parte das atenções governamentais
deve voltar-se para a prevenção, o uso responsável e o tratamento.
O usuário de drogas raramente é um caso de polícia. Isso não significa, por
outro lado, que ele tenha necessariamente um problema psiquiátrico. Assim
como nem todo mundo que toma uma dose de uísque é alcoólatra, nem todos os
que ocasionalmente usam drogas ilícitas são narcodependentes. Para esse
amplo contingente, a principal ação do poder público deve ser a de
desestimular o uso e evidenciar os riscos a ele associados. O sucesso da
campanha mundial contra o cigarro mostra que o usuário é sensível a
argumentos racionais que demonstram os malefícios do consumo ainda que
moderado dessas substâncias.
Para os que de fato se mostram dependentes, é preciso insistir também na
diminuição dos riscos correlatos (programas de troca de seringas, por
exemplo) e oferecer a alternativa do tratamento custeado pelo SUS.
O tráfico, é evidente, deve ser reprimido com vigor. A dependência de drogas
como cocaína e heroína não chega a apresentar as altas prevalências do
alcoolismo (10% a 15% da população) e do tabagismo (20%) principalmente
porque aquelas substâncias são proibidas e combatidas.

Domiciano Siqueira

Artigos II

O que é Redução de Danos?

Redução de Danos é uma estratégia de saúde pública que busca controlar possíveis consequências adversas ao consumo de psicoativos -lícitos ou ilícitos - sem, necessariamente, interromper esse uso, e buscando inclusão social e cidadania para usuários de drogas.

Por que fazer Redução de Danos?

Grande parte de usuários de drogas que faz uso problemático não consegue ou não quer parar de usá-las. Essas pessoas encontram nos Programas de Redução de Danos quem as aceita e oriente, de modo a evitar consequências mais graves do uso.

Do total de casos notificados - CN - DST/Aids - MS (set-2000):
· 25% estão associados direta ou indiretamente ao uso de drogas injetáveis;
· 38,2% das mulheres portadoras de Aids contraíram o vírus pelo uso de drogas injetáveis ou através de parceria sexual com usuários de drogas injetáveis;
· 36% dos casos de Aids pediátrica apontam a mãe ou sua parceria sexual com uso de drogas injetáveis. Além disso, 85% dos usuários de drogas injetáveis informam compartilhar equipamento de uso e 52% deles estão infectados pelo HIV, 60% por hepatite "C".

Redução de Danos funciona?

· 23% dos usuários atendidos pelos PRD (Programas de Redução de Danos) procuraram tratamento para dependência química.
· Nos países onde foi implantada precocemente, como na Austrália, a taxa de infecção pelo HIV entre UDI se mantém abaixo de 5%.
· Em todos os locais onde os PRDs funcionam, melhora o acesso dos UDI aos cuidados de saúde e à qualidade de vida

A Contituição brasileira diz "todos são iguais perante a lei" e não" todos são iguais, exceto homossexuais, trabalhadores do sexo, pobres e usuários de drogas".

Fonte: Redução de Danos Saúde e Cidadania - CN DST/Aids - MS

Todo uso de drogas causa danos?

Não, nem todo o consumo de substâncias psicoativas (categoria genérica à qual pertencem as substâncias que denominamos "drogas") é necessariamente danoso à saúde nem caracteriza "doença mental".

A Redução de Danos surgiu como resposta a um contexto no qual os padrões de uso evidenciam riscos e danos potenciais - de transmissão de agentes infecciosos, além de danos à saúde decorrentes do próprio consumo de substâncias. Contribui, portanto, diretamente para o uso mais seguro de drogas pelos usuários de drogas e, indiretamente, para reavaliar o mito de que todo contato com as drogas seria invariavelmente perigoso.

Exemplos de Proposta de Redução de Danos

De álcool: ingestão de água e líquidos não alcoólicos e de vitaminas do complexo B, nutrição adequada, evitar atividades incompatíveis com embriaguez.

De crack: beber muito líquidos; usar cachimbo individual e com filtro; reservar tempo para dormir e comer; misturar maconha com crack ou trocar o crack pela maconha.

De cocaína: beber muita água; usar equipamento próprio seja para cheirar ou para se injetar (seringas só individuais e limpas; fracionar as doses; lavar as mãos antes de preparar doses injetáveis; usar água destilada; injetar lentamente para avaliar o efeito.

De tabaco: reduzir o número de cigarros, não usar os "baixos teores" que levam ao consumo de maior número de cigarros para obter a mesma satisfação, portanto, com mais risco de câncer; tentar outras fontes de nicotina: adesivos, gomas de mascar; aumentar a ingestão de alimentos ricos em vitamina C; controlar outros fatores de risco para infartos: obesidade, sedentarismo, ansiedade.

De todas que alteram as funções motoras e cognitivas: usar em companhia de alguém sóbrio; respeitar os direitos alheios, evitar uso em situações incompatíveis com os efeitos (ex: dirigir, trabalhar, esportes radicais, nadar sozinho); Não se envolver com violência, se cuidar; usar camisinha sempre.

Redução de danos é incentivo ao uso de drogas?

Não. Os Programas de Redução de Danos não incentivam o uso nem distribuem drogas. A distribuição de material preventivo visa a proteçãoà saúde.

Pode ser feita no Brasil?

Troca e fornecimento de material de prevenção para usuários de drogas injetáveis é política de saúde pública no Brasil, desde 1994. Há leis estaduais e municipais que a regulamentam ou em tramitação em vários locais (veja o mapa), assim com está tramitando uma lei federal.

Vale a pena?

Só pelo resgate de pessoas que de outro modo continuariam marginalizadas e vulneráveis já vale. Além disso, a relação custo-benefício é muito boa: cada caso de Aids custa ao país, pelo menos , US$ 3,000,00/ano, só em medicamentos, enquanto o atendimento a cada UDI custa US$ 29.00/ano.

Fonte: Redução de Danos Saúde e Cidadania - CN DST/Aids - MS

Leitura recomendada:

Assim falava Zaratrustra

Nietzsche

Editora Scala

2009


A polícia das famílias

Jacques Donzelot

Editora Graal

1986


Para leer el pato Donald

Editora Veintuno

1983


Aportes para uma nueva política de drogas

Intercambios

Editora Universidade de Buenos Aires

2010


O anticristo

Nietzche

Editora Escala


Convite a filosofia

Marilena Chaui

Editora Ática

2002


Sem rumo & Sem razão

Virgílio de Matos

Editora CRP - MG

2011

Doces Venenos

Lidia Rosenberg Aratangy

Editora Olho dagua

1998


A legibilidade do ilegível

Virgílio de Matos

Editora O Lutador

2006


A troca impossível

Jean Baudrillard

Editora Nova Fronteira

2002


Estigma

Erving Goffman

Editora Zahar

1975


A sujeição das mulheres

Stuart Mill

Editora Escala

2006


Genealogias da amizade

Francisco Ortega

Editora Iluminuras

2002


Amizade e estética da existência em Focault

Editora Graal

1999


Relatório da 4º Inspeção Nacional de Direitos Humanos

locais de internação para usuários de drogas

Conselho Federal de Psicologia

2011


“A gente tem a ver com isto “

“ O tecido e o tear”

“ Bem querer é o melhor remédio”

Série Comunicação Popular CRP / SP


O Laricão


fanzine Caps-AD Sé - SP


A aventura do dinheiro


Oscar Pilagallo


Lucilia - Rosa Vermelha
Luciana M Vilela
Bertolucci Editora
2011



PROJETO AJUDE BRASIL: AVALIAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA DOS UDI´S DOS PROJETOS DE REDUÇAO DE DANOS APOIADOS PELA CN – DST/AIDS.

Waleska Teixeira Caiaffa
Ministério da Saúde
Brasília/DF
2001
DROGAS E AIDS – PREVENÇÃO E TRATAMENTO.
Carla Silveira
Raquel Martins Pinheiro
Eliane Guerra
Centro Mineiro de Toxicomania
Belo Horizonte/ MG
2004
MANUAL DE REFERÊNCIA PARA ATENDIMENTO INTEGRAL A UD´S VIVENDO COM HIV/AIDS.
Álvaro Augusto Andrade Mendes
REARD – Rede Acreana de RD
Rio Branco / AC
2005
1º Edição
Ta Legal
Paulo C. Duarte Paes
Ministério da Saúde
1º Edição
2002
Prevencion del VIH – Sida em Usuários de Drogas
Graciela Touse
Editora Intercâmbios
1º Edição
199
A resposta brasileira ao HIV/Aids
Ministério da Saúde
UNAIDS
1º Edição
CULTURA E SUBJETIVIDADE EM TEMPOS DE AIDS.
Márcia Elisa Gonçalves Carvalho
Flavia F Carvalhaes
Rosely de Paula Cordeiro
Assoc. Londrinense Interdisciplinar de AIDS
Londrina / PR
Ministério da Saúde
2005
Redução de Risco para HIV/Aids entre Usuários de Drogas
James A. Inciardi
Hilary L. Surratt
Flavio Pechansky
Inst. Nac. de Abuso de Drogas dos EUA
1º Edição
1998
TROCA DE SERINGAS: DROGAS E AIDS – CIÊNCIA, DEBATE E SAÚDE PÚBLICA.
Ministério da Saúde
Brasília/ DF
1998
USO E ABUSO DE ÁLCOOL E DROGAS
Margarita A Villar Luis
FAPESP
Ribeirão Preto/SP
2000
EXPERIÊNCIAS INTERDISCIPLINARES EM AIDS – INTERFACES DE UMA EPIDEMIA.
Stela Mares Padoin
EDT UFSM
Sta Maria/RS
2006
SUBJETIVIDADE E AIDS
Carmen Lent
Alexandre do Valle
Ministério da Saúde
2000
MANUAL REDUÇÃO DE DANOS – EDIÇÃO MANUAIS 49
MINISTÉRIO DA SAÚDE
UNODC
2001
HISTÓRIA DO SUICÍDIO
Georges Minois
Edit. Teorema
Lisboa
1998
ARQUEOLOGIA DA VIOLÊNCIA
Pierre Clastres
Edit. Cosac & Niaf
HUMANO, DEMASIADO HUMANO
Nietzsche
Edt. Escala
2006
A GENEALOGIA DA MORAL
Nietzsche
Edt. Escala
2006
PERU DO IMPÉRIO DOS INCAS AO IMPÉRIO DA COCAÍNA
Rosana Bond
COEDITA
2004
CLÍNICA PERIPATÉTICA - Políticas do Desejo
Antonio Lancetti
1º Edição
HUCITEC
2006
AS PORTAS DA PERCEPÇÃO – CÉU E INFERNO
Aldous Huxley
Edit. Globo
Rio de Janeiro/RJ
2002
DROGAS, DIGNIDADE & INCLUSÃO SOCIAL - ABORDA
Marcelo Araujo Campos
MINISTÉRIO DA SAÚDE
UNODC
2003
Jânio Quadros – Os dois mundos das três américas
Jânio Quadros
Edit. Martins
1972
OS ANDARILHOS DO BEM – FEITIÇARIAS E CULTOS AGRÁRIOS NOS SÉCULOS XVI E XVII
Carlo Ginzburg
Edit. Cia das Letras
São Paulo/ SP
1981
Os suicidas
Antonio di Benedetto
Edit. Globo
2005
Panfletos Satíricos
Jonathan Swift
Edit. TopBooks
1999
A dignidade da Política
Hannah Arendt
Edit. Relume Dumará
3º edição
2002
Rio de janeiro
MICROFÍSICA DO PODER
Michel Foucalt
17º Edição
Edit. Graal
Rio de Janeiro/RJ
2002
Erasmo – Elogio da Loucura
Erasmo
Edit. Escala
ESCUTA , ZÉ NINGUÉM
Wilhelm Reich
Livraria Martins Fontes
10º Edição
1982
ÁLCOOL E REDUÇÃO DE DANOS – UMA ABORDAGEM INOVADORA PARA PAÍSES EM TRANSIÇÃO
Ernst Buning
Mônica Gorgulho
Ana Glória Melcop
Pat O´hare
Brasília – DF
2004
MULHER: MÃE, GUERREIRA E .... SOROPOSITIVA.
Projeto Margarida
Ponta Grossa – PR
O BRASIL EM SOBRESSALTO
Oscar Pilagallo
Publifolha
2002
ZINE – RD : Saúde, Solidariedade e Cidadania
PRD – Santa Maria
2006
O cultivo do ódio
Peter Gay
Edit Cia das Letras
1988
São Paulo
UMA VIDA EM TRATAMENTO
Ariel Dorfman
Edit. Objetiva
1998
MÃES ABANDONADAS: A ENTREGA DE UM FILHO EM ADOÇÃO.
Maria Antonieta Pisano Motta
Edit. Cortez
São Paulo/SP
2001
AIDS E ESCOLA – REFLEXÕES E PROPOSTAS DO EDUCAIDS
Teresinha Pinto
Izabel da Silva Telles
Edit. Cortez
2000
A ESCULTURA DE SI
MICHEL ONFRAY
Edit. Rocco
Rio de Janeiro / RJ
1995
LAS DROGAS ENTRE EL FRACASO Y LOS DAÑOS DE LA PROHIBICIÓN
Edit. ARDA
Rosario – Argentina
2002
MICHEL FOUCAULT – UMA BIOGRAFIA
Didier Eribon
Cia das Letras
1990
AS DEUSAS, AS BRUXAS E A IGREJA – SÉCULOS DE PERSEGUIÇÃO
M Nazaré Alvim de Barros
Edit Rosa dos Tempos
2 º Edição
2004
SILICONE – RD PARA TRAVESTIS
Edit. Grupo Gay da Bahia
Salvador / BA
2002
AÇÕES DE PREVENÇÃO E ASSISTÊNCIA ‘AS DST/AIDS NA REDE DE ATENÇÃO BÁSICA ‘A SAÚDE DO ESTADO DE SÃO PAULO
CRT – São Paulo
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AVESSOS DO PRAZER – DROGAS, AIDS E DIREITOS HUMANOS.
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2005
VULNERABILIDADE – PROJETOS ESTRATÉGICOS
CRT – São Paulo
2005
O MAL ESTAR NA CIVILIZAÇÃO
Sigmund Freud
Edit. Imago
Rio de Janeiro /RJ
1998
REDUÇÃO DE DANOS – PREVENÇÃO OU ESTÍMULO AO USO INDEVIDO DE DROGAS INJETÁVEIS.
Elisangela Melo Reghelin
Edit. Revista dos Tribunais
São Paulo/SP
SOZINE - FANZINE
Fortaleza – CE
2001
LAS DROGAS EN EL SIGILO... ¿QUÉ VIENE?
Gustavo Urtado
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1999
RELATIVIZANDO – UMA INTRODUÇÃO À ANTROPOLOGIA SOCIAL .
Roberto Damatta
Edit. Rocco
Rio de Janeiro/RJ
2002
ADEUS AO TRABALHO ? – ENSAIO SOBRE AS METAMORFOSES E A CENTRALIDADE DO MUNDO DO TRABALHO.
Ricardo Antunes
Edit. Cortez
Campinas /SP
2002
· LIVRO DE UMA SOGRA –
ALUÍSIO AZEVEDO
Edit. Casa da Palavra
1995
· A SOCIEDADE CONTRA O ESTADO
Pierre Clastres
São Paulo
2003

TÁ DIFÍCIL DE ENGOLIR ? – EXPERIÊNCIAS AO TRATAMENTO ANTI-RETROVIRAL EM SÃO PAULO
Paulo Roberto Teixeira
Edit. Prog. Est. DST/Aids
São Paulo/SP
2000

A NOITE DOS DESESPERADOS
Horace Mccoy
Edit. Sá
São Paulo / SP
2000
EROS E CIVILIZAÇÃO – UMA INTERPRETAÇÃO FILOSÓFICA DO PENSAMENTO DE FREUD
Herbert MArcuse
ABPDEA
8º Edição
1995
SIDA Y DROGAS – REDUCCIÓN DE DAÑOS EN EL CONO SUR
Edit. ONOSIDA
Buenos Aires
2000
A CONTRIBUIÇÃO DOS ESTUDOS MULTICÊNTRICOS FRENTE À EPIDEMIA DE HIV/AIDS ENTRE UDI NO BRASIL – 10 ANOS DE PESQUISA E REDUÇÃO DE DANOS.
Ministério da Saúde
Brasília/DF
2001
CENTRO DE PREVENÇÃO AS DEPENDÊNCIAS –
Ana Glória Melcop
RECIFE/PE
2004
DROGAS, DIGNIDADE & INCLUSÃO SOCIAL – A LEI E A PRÁTICA DE RD - ABORDA .
Marcelo Araujo Campos
MINISTÉRIO DA SAÚDE
UNODC
2002
REDUÇÃO DE DANOS PARA ADOLESCENTES USUÁRIOS DE DROGAS E CURIOSOS.
CASA – CENTRO DE ASSESSORIA A ADOLESCÊNCIA
FLORIANÓPOLIS
2002
MANUAL DO MULTIPLICADOR DST/AIDS.
CEDIP – Centro Especializado de doenças infecto – parasitárias
Cascavel / PR
2004
DRUG USE AND HIV VULNERABILITY
Jon Derricotti
Martindale Pharmaceuticals
EUA
1997
DROGAS – COLEÇÃO PARA SABER MAIS / SUPER INTERESSANTE
Rodrigo Vergara
Abril
São Paulo
2003
UMA TRAJETÓRIA CAPIXABA – 10 ANOS DO CR DST/AIDS.
Ítalo Campos
Prefeitura Vitória/ ES
2003
THE BRAZILIAN RESPONSE TO HIV/AIDS.
UNAIDS
2000
SOCIABILIDADE E VIOLÊNCIA – CRIMINALIDADE NO COTIDIANO DE VIDA DOS MORADORES DO SUBÚRBIO FERROVIÁRIO DE SALVADOR.
UFB – Gey Espinheira
Salvador / BA
2004
PODER, VIDA E MORTE NA SITUAÇÃO DE TORTURA – ESBOÇO DE UMA FENOMENOLOGIA DO TERROR
Alfredo Naffah Neto
Edit. Hucitec
São Paulo / SP
1985
MULHER E AIDS – AMBIGUIDADES E CONTRADIÇÕES
Wilza Vilela
NEPAIDS
São Paulo
1997
O SÁBIO AO CONTRÁRIO – A HISTÓRIA DO HOMEM QUE ESTUDAVA PUNS.
Ricardo Azevedo
Edit. SENAC
São Paulo/SP
2001
A FORMAÇÃO DAS ALMAS – O IMAGINÁRIO DA REPÚBLICA NO BRASIL.
José Murilo de Carvalho
Edit. Cia das Letras
São Paulo / SP
1990
DROGAS: QUALIDADE DE VIDA E CIDADANIA
Ana Maria Motta
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1999
NOBRES E ANJOS – UM ESTUDO DE TÓXICOS E HIERARQUIA.
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1998
O ELOGIO AO ÓCIO
Bertrand Russel
Edit. Sextante
Rio de Janeiro/RJ
2002
SCHOPENHAUER- COLEÇÃO OS PENSADORES
Edit. Nova Cultural
São Paulo/SP
2005
GLOBALIZAÇÃO E DESEMPREGO – DIAGNÓSTICO E ALTERNATIVAS
Paul Singer
Edit. Contexto
São Paulo / SP
2003
DEPENDÊNCIA – COMPREENSÃO E ASSISTÊNCIA ÀS TOXICOMANIAS – UMA EXPERIÊNCIA DO PROAD
Dartiu Xavier da Silveira Filho
Edit. Casa do Pscólogo
São Paulo / SP
1996
FAZES-ME FALTA –
INÊS PEDROSA
Edit MC
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2002
AIDS E ÉTICA MÉDICA
CREMESP
São Paulo/ SP
2001
DIREITOS HUMANOS, CIDADANIA E AIDS.
Edit. Autores Associados
Cadernos ABONG
São Paulo / SP
2002
MICRO-HISTÓRIA – OS PROTAGONISTAS ANÔNIMOS DA HISTÓRIA
Ronaldo Vainfas
Edit. Campus
CANÇÕES
Mário Quintana
Edit. Livraria do Globo
Porto Alegre /RS
SAÚDE LOUCURA – SAÚDE MENTAL E DA FAMÍLIA
Antonio Lancetti
Edit. Hucitec
São Paulo
O VENTRE DOS FILÓSOFOS – CRÍTICA DA RAZÃO DIETÉTICA
Michel Onfray
Edit. Rocco
Rio de Janeiro / RJ
1990
TARJA PRETA
Pedro Bial
Edit. Objetiva
São Paulo
OS DOIS MUNDOS DAS TRÊS AMÉRICAS
Jânio Quadros
Edit. Martins
CONVERSANDO SOBRE ÉTICA E SOCIEDADE
Josué Candido da Silva
Edit. Vozes
Petrópolis / RJ
2002
HISTÓRIA DO RISO E DO ESCÁRNIO
George Minois
Edit. Unesp
São Paulo / SP
2003